O papel indispensável das agências missionárias no movimento BAM
As agências missionárias tem sido um participante e um parceiro crucial no movimento contemporâneo do BAM.
Muitos pioneiros do BAM, nos anos 80, 90 e começo dos anos 2000 vieram de experiências missionarias ou pertenciam a alguma agência missionária. Esses “obreiros-de-agência-que-viraram-BAMers” foram vanguarda nas primeiras ondas das empresas BAM porque eles já estavam trabalhando na linha de frente. Enviados com um chamado e uma visão para ver pessoas e comunidades transformadas pelo Evangelho, eles descobriram que os negócios poderiam ser um meio poderoso na missão integral – atendendo às necessidades espiritual, social e econômica das comunidades.
Olhando para os últimos 20 anos e para a história mais recente do BAM, vemos que empresas com objetivos missionais incorporados em seus modelos de negócios, cultura de negócios, valores da empresa, relacionamentos profissionais, e assim por diante, tem sido, com frequência, um dos caminhos mais frutíferos para obreiros de agências prosseguirem seu trabalho. Mas isso nem sempre tem sido fácil.
O fracasso nos negócios – uma probabilidade já alta para empreendedores experientes em suas culturas locais – tornou-se uma experiência comum para startups dirigidas por missionários com o risco adicional de estarem em ambientes hostis, tanto para a missão como para os negócios. Muitos missionários são, por natureza, pioneiros e empreendedores, no entanto os primeiros BAMers integrantes das agências não tinham o conhecimento e a experiência em negócios que precisavam para criar empresas sustentáveis e escaláveis. As primeiras empresas BAM tinham poucos modelos a seguir e as lições foram aprendidas do jeito mais difícil.
Aquelas praticas que trouxeram bons resultados, conquistadas com dificuldade, agora estão sendo transmitidas, beneficiando a geração atual de BAMers. Eles podem seguir as pegadas dos primeiros BAMers (tanto na questão dos negócios como na missionária) porque aqueles pioneiros ouviram o Senhor e se dispuseram a ir. Eles estavam dispostos a inovar, arriscar e perseverar. Por sua vez, estes pioneiros do BAM seguiram os passos de muitas gerações de missionários tradicionais que transmitiram suas próprias lições aprendidas a duras penas.
Para Além de ‘Negócios Para os Vistos”
A necessidade é a mãe das invenções. Em alguns lugares do mundo, a única maneira de se estabelecer na comunidade com credibilidade tem sido através da criação de um negócio. William Carey, lá no final do século XVIII, assumiu uma posição de gerência numa fábrica de corante anil quando chegou pela primeira vez na India porque o visto para missionários era muito difícil de se conseguir nos dias da Companhia das Indias Orientais. E, assim como William Carey, missionários atuais logo descobriram que o poder do modelo de negócios vai muito além do que simplesmente conseguir um visto.
Felizmente, a maioria dos obreiros de agência que estão entrando nos negócios agora possuem muito mais recursos para aproveitar. Eles entendem que, para ter um papel sustentável e de credibilidade na comunidade, sua empresa precisa ter credibilidade e ser sustentável. Isso significa buscar excelência na pratica de negócios e uma integração verdadeira dos alvos holísticos da missão em todos os aspectos da empresa – do plano de negócios à vida profissional diária.
Os dias de “empresas de fachada”, fingindo ou simplesmente usando os negócios como um meio para certos fins, para fazer acontecer o “ministério de verdade”, felizmente, já passaram. No entanto a maioria das agências missionarias ainda encontra algum nível de dificuldade em estabelecer o que realmente significa integrar negócios e missão – dentro da agência como um todo, como também, ainda, os participantes do BaM em suas empresas.
É Complicado!
Qualquer tipo de entidade sem fins-lucrativos que opera como uma agência, identificando-se como uma organização missionária tradicional ou não, tem uma cultura, idioma e modus operandi específicos. Isso é muito diferente da cultura, idioma e modus operandi de empresas lucrativas. Adicione diferentes requerimentos legais, fontes de financiamento, estruturas de relatórios, desafios de segurança e requerimentos de contratação e isso fará empresas e organizações missionarias complicadas em vários níveis.
Por escolha ou necessidade, agências missionarias tiveram que lidar com a integração da estratégia BAM à sua maneira de trabalhar. Os desafios encontrados vão da persistente divisão sagrado-secular, diminuindo o valor dos negócios na organização, à concepção sobre como uma entidade lucrativa se relaciona com uma sem fins lucrativos, recrutamento e treinamento de pessoal com o perfil correto, etc.
Como as agências missionarias podem abraçar o BAM de uma maneira que possam contribuir de maneira estratégica para o movimento BAM? Como elas podem fazer parte do lançamento e apoio a empreendedores e empresas BAM de forma sólida e saudável? Este é o tema do BAM & Mission Agency Consultation que está em andamento, envolvendo mais de 40 pessoas e representando cerca de 25 agências globais. Um relatório resultante desta Consulta, esboçando estudos de caso, desafios comuns, soluções e práticas frutíferas, será compartilhado no BAM Global Congress 2020.
Nós esperamos que este documento ajude as agências atuais, as parcerias agência-negócios e as novas e futuras agências – incluindo as inúmeras agências que crescem rapidamente vindas do Terceiro Mundo – a compreender os problemas comuns e encontrar soluções de forma mais rápida.
Parcerias e Híbridos
Alguns tópicos, como: compartilhamento de recursos, terceirização, criação de parcerias e networking apareceram em todos os quatro eventos BAM & Mission Agency Consultation Groups, identificados como áreas de desenvolvimento essenciais que precisam de nossa atenção em trabalhos futuros.
Agências e organizações sem fins lucrativos podem fazer coisas que empresas comerciais não podem, e vice-versa – isto é uma verdade no mundo, de maneira geral, assim como na comunidade BAM. Isto significa que a construção de parcerias e o esforço colaborativo podem levar a um impacto muito maior.
Além disso, empresas híbridas (aquelas financiadas parte por doações e parte com a receita dos negócios) podem alcançar coisas que nem uma entidade puramente comercial e nem uma organização puramente de caridade podem alcançar e isso pode levar a soluções únicas e criativas para questões difíceis. Empresas sociais, parcerias comerciais/entidades sem fins lucrativos, algumas empresas BAM ligadas a agências são alguns exemplos de híbridos.
Contribuições Essenciais
Agências SÃO extremamente importantes para o movimento BAM porque podem operar de diferentes maneiras. Elas possuem qualidades e áreas de conhecimento específico que outras pessoas e entidades na comunidade BAM geralmente não possuem. Isto inclui:
- Modelos pioneiros: como foi falado acima, BAMers que são parte de agências missionárias fizeram parte da geração pioneira e agora podem transmitir seu conhecimento e experiência, além de ajudar a mobilizar e inspirar a próxima geração com suas histórias.
- Áreas de Conhecimento: as agências desenvolveram muitas áreas de conhecimento especializado de onde outros grupos podem se beneficiar, incluindo treinamento e preparação missiológica, conhecimento transcultural, recursos relacionados a discipulado e crescimento cristão, aquisição de idiomas, cuidado pastoral, planos de contingência para situações de risco, etc.
- Poder do Network: agências missionárias geralmente possuiem uma rede de relacionamentos ampla que podem ser fontes valiosas de conhecimento empresarial, financiamento, pessoal, consultores, ou membros do conselho consultivo, etc.
- Poder da Educação e Mobilização: agências podem trabalhar a favor das estratégias do BAM nessas redes; para seminários, igrejas e outros tipos de agência e contatos focados em outros tipos de ministério (educação, governo, artes, mídia, etc.). Este apoio ao BAM pode levar a mobilização a medida que empresários vêem suas habilidades e experiências como valiosas ao trabalho missionário mundial.
- Inovação: Um número considerável de agências missionárias tradicionais passaram por inovações ao longo dos anos e geraram novos tipos de agência ou iniciativas focadas exclusivamente no BAM. Essas novas entidades estão ajudando novos profissionais BAM e provendo serviços únicos para empresas BAM, incluindo:
- Fornecer o Suporte Necessário: No movimento BAM, estamos chegando naquele ponto onde há um número suficiente de serviços de suporte, como consultoria, recrutamento, investimento, assistência, incubadoras, etc., que podem ser comercialmente oferecidas a empresas BAM. Historicamente, agências missionárias tem sido uma fonte significativa de recursos e serviços de apoio ao incipiente movimento BAM e tem facilitado o encontro destes recursos às suas necessidades.
À medida que um número cada vez maior de empresários forem mobilizados para o movimento BAM, será fundamental a geração de conexões fortes que leve ao compartilhamento contínuo de recursos e iniciativas de parceria com agências missionárias. Precisamos da contribuição de todos aqueles que pertencem à comunidade BAM para que o movimento seja forte e frutífero.
Artigo escrito por Jo Plummer e originalmente publicado em Business as Mission Blog. Gentilmente cedido para tradução.